Mais que uma festividade popular, o carnaval faz parte da identidade brasileira. Além de ser parte relevante da cultura brasileira, o carnaval atrai e movimenta milhões de turistas locais e estrangeiros, o que torna as festividades um negócio lucrativo.
Porém, em 2021, não haverá carnaval. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife já cancelaram o calendário carnavalesco como medida de combate ao coronavírus. Inclusive, a folga, considerada ponto facultativo, também foi suspensa pela maioria dos governos estaduais. Ou seja, a terça-feira de carnaval será como qualquer outro dia útil do calendário.
Enquanto isso, resta nos conformar e encontrar outras formas de manter o espírito carnavalesco vivo, apesar de adormecido. E você já paro para pensar como essa festa se enraizou tão profundamente na cultura popular brasileira?
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Uma festa pagã incorporada à igreja
O carnaval é uma manifestação popular tão antiga quanto a história das civilizações. Há indícios de festividades de cunho carnavalesco entre os gregos e egípcios. Porém, a maior influência do carnaval para o mundo foi a dos romanos. Tanto que, num primeiro momento, a Igreja Católica quis proibi-lo, pelo Concílio de Niceia, no ano de 325. Com o fracasso à extinção das brincadeiras, o Papa Gregório I, em 604, decidiu incluir o carnaval oficialmente no calendário gregoriano.
A data é calculada de forma retroativa, a partir do Domingo de Páscoa. Por sua vez, a Páscoa é comemorada no primeiro domingo depois da primeira lua cheia calculada a partir do equinócio da primavera, no Hemisfério Norte, e do outono no Hemisfério Sul. Então, o fim da folia – a Quarta-Feira de Cinzas – acontece 40 dias antes da Páscoa, quando se inicia a quaresma. Para os cristãos, a quaresma é um período de abstenção, jejum, penitência e reflexão.
Carnaval e seus significados
Por outro lado, durante o carnaval, as gulodices estão liberadas e remontam ao passado. Inclusive, a palavra carnaval em italiano – “carnivale” – significa adeus ou despedida à carne. No hemisfério norte, as comemorações carnavalescas aconteciam no fim do inverno e início da primavera. Era, então, tempo de acabar com os estoques de comida feitos para enfrentar o rigor invernal, realizando rituais e oferendas aos deuses, além de banquetes memoráveis.
A partir dos bailes de máscaras em Veneza, o carnaval rompeu fronteiras, alcançando outros países como Espanha, Portugal e França. Apesar de ir incorporando formas locais de comemoração, uma das características carnavalescas mais fortes se manteve – e se mantém até hoje: todos são iguais. A suspensão temporária das diferenças sociais, de gênero, raça, credos e posicionamentos políticos faz dessa festa a mais democrática entre as pessoas.
Os portugueses e o carnaval do Brasil
O carnaval desembarcou em solo brasileiro junto com os portugueses, por meio do entrudo, por volta de 1530. Não havia música ou ritmos, apenas uma brincadeira grotesca de sujar ou molhar as pessoas, com farinha, água, bebidas e até urina. Era uma prática comum nas ruas e também nos ambientes privados, encabeçada principalmente por escravos. Com ajuda de imprensa da época, o entrudo foi perdendo força e os líquidos foram substituídos por confetes e serpentina.
No Nordeste, mais precisamente em Pernambuco, a bagunça portuguesa se misturou com a folia de Reis, realizada no mês de janeiro, e aderiu a ritmos como a polca e, logo depois, ao frevo. O forte apelo folclórico da região deu ares complemente originais ao carnaval, que foram aprimorados com o tempo e hoje atraem milhões de foliões todos os anos. Por exemplo, a criação do Zé Pereira, uma das representações carnavalescas nordestinas mais marcantes e antigas. Aliás, o primeiro bloco de carnaval do Brasil é de Recife, criado em 1931 e batizado de “O Homem da Meia Noite”. Também é pernambucano o maior bloco de carnaval do mundo. O “Galo da Madrugada”, que sai sempre às 7 da manhã do sábado de carnaval, já chegou a reunir mais de 1,5 milhão de pessoas.
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Ritmos e desfiles
O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro é, sem dúvida, um dos principais cartões postais do carnaval brasileiro. A primeira escola de samba carioca foi criada em 1928, com o nome de “Deixa Falar”, da qual a Estácio de Sá diz ser descendente direta. Mas foi ainda no século 19 que os cordões carnavalescos começaram a ganhar as ruas da cidade fluminense. A principal característica dos cordões eram os foliões mascarados, andando em fila e dançando ao som de instrumentos de percussão e sopro. O grupo era conduzido por um mestre que obedeciam aos comandos dados por um apito. Em meados de 1902, havia cerca de 200 cordões licenciados pela polícia local.
Os bailes de salão, inspirados no carnaval francês, chegaram ao Brasil na primeira metade do século 19, e se tornou popular entre as elites carioca e paulista, que comumente se fantasiavam de pierrôs, arlequins e columbinas.
Aliás, o carnaval também foi responsável pelo surgimento de muitos ritmos musicais brasileiros, como o samba e o frevo. Inclusive, o frevo vem de “ferver” e o seu movimento simboliza uma dança sobre uma superfície com água fervendo abaixo dos pés. A primeira marchinha de carnaval que sem tem notícia foi composta por Chiquinha Gonzaga, em 1899, chamada “Ô Abre Alas”.
Brasil e sua diversidade
Diante desse pequeno histórico, é possível vislumbrar porque o carnaval é parte tão importante da cultura popular brasileira. E, claro, há muito mais para relatar sobre as festividades carnavalescas tradicionais de muitas cidades, como Ouro Preto, Salvador, Olinda, Parintins etc.
Enquanto as aglomerações não estão liberadas, podemos nos divertir usando a criatividade e planejando qual será o próximo destino carnavalesco. Seja fora de época ou seja só no ano que vem, o lugar mais seguro e prático para comprar as passagens de ônibus é o Portal Rodoviariaonline. Aqui, você encontra opções de horário e datas das principais viações do país. Aproveite!