No final da década de 1970, estudantes que se graduavam em Oceanografia pela Universidade Federal do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, perceberam a necessidade de realizar um trabalho de conservação da vida marinha. Até então, não havia qualquer iniciativa nesse sentido e as tartarugas já eram animais ameaçados de extinção.
O grupo de futuros ambientalistas, o primeiro a abraçar a causa marinha, apoiado pelo Museu Oceanográfico de Rio Grande, realizava pesquisas dirigidas em praias praticamente desertas. Ficaram impactados com a degradação das espécies de tartarugas, que sofriam por causa da captura incidental em atividades de pesca, da matança das fêmeas e da coleta dos ovos na praia. Assim, fundou, em 1980, o Programa de Conservação de Tartarugas Marinhas no Brasil – que ficou conhecido como Projeto Tamar.
Uma história de sucesso
Quarenta anos após a criação do Tamar, os números surpreendem: o projeto atua em 1.100 quilômetros de praia em 26 localidades mapeadas de alimentação, desova, crescimentos e descanso das tartarugas. Tanto no litoral quanto em ilhas oceânicas espalhadas em nove estados brasileiros. Na trajetória do projeto Tamar, mais de 30 mil ninhos foram protegidos e cerca de 40 milhões de filhotes de tartarugas foram devolvidos ao mar, das cinco espécies que frequentam as praias locais: tartaruga-de-pente, tartaruga-oliva, tartaruga-cabeçuda, tartaruga-de-couro e tartaruga-verde.
O trabalho do ambientalistas do Tamar é reconhecido internacionalmente, e já rendeu prêmios como o Prêmio Science for Conservation, em 1994 e o da UNESCO, em 2003.
Missão: salvar vidas, não só a marinha
A missão da Fundação Pró-Tamar/ Projeto Tamar é promover a recuperação das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de pesquisas, conservação e inclusão social. Para isso, as ações realizadas envolvem pesquisa aplicada, como o monitoramento via satélite das tartarugas para conhecer os ciclos migratórios e de comportamento dos grupos. Além disso, envolvem também a comunidade, dando suporte às ações de sustentabilidade a longo prazo, uma vez que entenderam a necessidade de cuidar e atender às pessoas, para que elas possam cuidar da natureza e meio ambiente.
Dessa forma, interage com a população residente das regiões litorâneas onde atua, por meio de projetos de geração de trabalho e renda, como confecções de vestuário, bordados e rendas. Além disso, busca preservar a cultural local e, também, oferece oportunidades de trabalho direto nos centros de visitação espalhados pelo litoral brasileiro.
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Centros de visitação
Ao total, são 7 centros de visitação, instalados em regiões litorâneas com elevado potencial turístico. Anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas visitam os centros do projeto, e lá encontram entretenimento e informação, além de terem a oportunidade de conhecer diversas espécies marinhas, além das próprias tartarugas.
Um dos centros do projeto Tamar mais conhecidos – e também o mais antigo – é o que fica na praia do Forte, litoral norte da Bahia. Quando os pesquisadores chegaram lá, por volta de 1981, o local era um vilarejo com cerca de 500 moradores, sem energia elétrica e de difícil acesso. E a integração com os nativos da região foi fundamental para desenvolvimento do trabalho, inclusive com a promoção da conscientização dos moradores e veranistas sobre a preservação da vida das tartarugas.
Atualmente, o centro composto pela base de pesquisa e museu é um dos mais frequentados do Brasil. Ao total, ocupa uma área de dez mil metros quadrados e, entre aquários e tanques, são 600 mil litros de água salgada com exemplares da fauna marinha da região e de quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, em diferentes estágios do ciclo de vida. Tem multimídia, cinema, vídeo, exposição permanente de painéis fotográficos, loja e restaurante. Um espaço cultural recebe eventos com artistas nacionais, internacionais e locais.
Os ingressos podem ser comprados diretamente na bilheteria ou também pela internet.
Além da Praia do Forte, há centros de visitação do Projeto Tamar em Fernando de Noronha/PE, Aracaju/SE, Arembepe/BA, Vitória/ES, Ubatuba/SP e Florianópolis/SC.
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