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A riqueza revelada pelo turismo em Terras Indígenas

Somos rodeados por ela. Está presente em nossa língua, em nossa mesa e hábitos cotidianos. Não é de se espantar, afinal somos herdeiros de suas terras e até hoje vivemos influenciados pela cultura dos indígenas brasileiros.

Os registros históricos da colonização brasileira mostram a imposição portuguesa aos nativos tupiniquins, para que absorvessem os modos europeus, sobretudo (e principalmente) do ponto de vista religioso. Afinal, os povos do velho continente desconheciam toda aquela liberdade de viver em comunhão com a natureza, sendo esta a provedora de todas as necessidades físicas e espirituais.

O resultado dessa violenta repressão, já conhecemos: aldeias saqueadas, etnias inteiras arrasadas, muitos índios abandonando suas origens para viver na miséria das grandes cidades.  A raiz indígena havia deixado de ser orgulho para se tornar um fardo. Mas nem tudo foi perdido. O que se vê, atualmente, é um esforço coletivo de valorização dessa riqueza nacional, envolvendo, inclusive, o setor turístico.

Indígenas no Brasil

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Índios pataxós são uma das 305 etnias indígenas originárias do Brasil. (Foto: Joa Souza. Depositphotos)
De acordo com o último censo demográfico realizado pelo IBGE, em 2010, e divulgado pela Fundação Nacional do Índio – Funai -, o Brasil tem uma população indígena de quase 818 mil. Um número que já foi dez vezes menor, no fim da década de 1960. Há uma diversidade de 305 etnias e 274 línguas indígenas registradas. Ainda segundo o levantamento, 17,5% da população indígena não fala a língua portuguesa. A maior concentração de povoados indígenas está na região Norte do país, seguida da região Nordeste.

A necessidade de preservação

Nos últimos anos, órgãos públicos e privados iniciaram um movimento de resgate e valorização da cultura indígena, no sentido de preservar o seu habitat e modo de vida natural. Para dar viabilidade a frente, foram criados projetos de incentivo para a geração de renda aos índios, dentro das próprias aldeias.

Um importante passo foi dado com a publicação da Instrução Normativa nº 3, da Funai, de 11 de junho de 2015, que estabelece diretrizes para as atividades de visitação com fins turísticos em Terras Indígenas. A regulamentação faz parte da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas – PNGATI – que prevê o apoio às iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e ecoturismo. Espera-se, com ela, dar fim à exploração turística irregular nas áreas e proporcionar parcerias positivas entre a comunidade indígena e o setor privado atuante no turismo responsável.

Graças a normativa, iniciativas de sucesso são facilmente encontradas. Aos interessados em realizar uma visita de imersão no universo indígena, há dezenas de opções espalhadas pelo território nacional.

Uma aventura indígena na Amazônia

O projeto Serras Guerreiras do Tapuruquara proporciona ao turista uma experiência única entre a comunidade indígena que vive nas Terras Indígenas Médio Rio Negro I e Médio Rio Negro II, localizadas no município de Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. A região é habitada por 8 etnias indígenas.

Os roteiros disponíveis oferecem uma imersão na comunidade, envolvendo práticas culturais e inúmeras aventuras guiadas pelos próprios índios. Os visitantes hospedados em alojamentos coletivos, dormindo em redes e tomando banho no rio. Outras atividades, como passeios em canoas e trilhas em meio a mata, orientados pelo modo indígena de se relacionar com a natureza, também fazem parte do pacote.

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Passeios em canoas indígenas de madeira fazem parte do roteiro de imersão nas comunidades do Rio Negro. (Foto: Depositphotos)
A imersão cultural também inclui festas, danças e rituais tradicionais, o conhecimento do cultivo agrícola praticado na floresta, preparo de pratos como beiju, além da confecção de artesanato e utensílios típicos.

A renda obtida por meio da atividade turística é dividida para bancar os custos da viagem, mas cerca de 16% do total são destinados às comunidades indígenas anfitriãs.

Terra Indígena Tenondé Porã

No extremo sul da cidade de São Paulo, abrangendo parte dos municípios Mongaguá e São Bernardo do Campo, está localizada a Terra Indígena Tenondé Porã. Seus quase 16 mil hectares abrigam 1500 índios guaranis, habitantes de 8 aldeias – ou tekoa –, na língua nativa. O povo guarani vive na Mata Atlântica meridional há milênios e, por isso, a região é marcada por trilhas muito antigas que ligam o planalto ao litoral.

O plano de visitação na Tenondé Porã prevê inúmeras experiências entre as 8 tekoa da TI, desde a participação dos visitantes em jogos e brincadeiras guaranis, competições com arco e flecha, danças típicas até a vivência do cotidiano da aldeia. Nessa última, grupos de 3 a 10 pessoas (dependendo da aldeia) têm a oportunidade de permanecer junto a comunidade guarani por até 4 dias. Certamente um rico aprendizado junto dos povos guardiões das florestas brasileiras.

Manual de conduta

Para se realizar uma expedição em solo indígena é preciso, primeiro, conhecer o plano de visitação e o manual de conduta da comunidade, onde o visitante recebe orientações e regras de conduta a serem seguidas, estipuladas pelas lideranças locais. Isso é necessário para que o passeio seja agradável e respeitoso, do início ao fim. A visita à Tenondé Porã é solicitada previamente via formulário de inscrição, onde se estabelece a experiência a ser vivida, bem como a aldeia a ser visitada.

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