Viajar é bom por inúmeros motivos. A pluralidade cultural e as características regionais desvendam um universo de riquezas, inclusive na culinária. Aliás, a gastronomia, sozinha, movimenta milhões de pessoas ao redor do mundo em busca de novos sabores.
Em tempos de pandemia, onde a recomendação é ficar em casa, as viagens estão mais esporádicas. Mas isso não significa que você não pode se inspirar nas culinárias regionais e reproduzir em casa os pratos típicos, surpreendendo a família e dando um “chega pra lá” na saudade de colocar o pé na estrada.
O Brasil apresenta uma diversidade gastronômica imensa, com pratos típicos muito marcantes. Isso se deve, principalmente, aos alimentos encontrados mais facilmente em cada região, além das características geográficas, que também influenciam no que é servido à mesa.
Então, inspire-se nas dicas e viaje sem sair de casa de uma maneira diferente: pelo paladar.
Região Norte – Pato no tucupi
Apesar da região Norte ser constituída por sete estados, Amazonas e Pará ditam os costumes e hábitos da culinária nortista, a qual carrega heranças indígenas, nos modos de preparo e nos diferentes temperos. Por isso, as comidas dessa região oferecem uma experiência única, graças, também, a riqueza extraordinária dos ingredientes locais.
Prato típico do cardápio paraense, o pato no tucupi traz na receita dois ingredientes regionais tradicionais: o tucupi e o jambu. O tucupi é um molho de cor amarela, extraído da raiz da mandioca brava. O uso desse ingrediente requer saber a sua toxicidade, quando no estado natural. Por isso, antes de ir para a panela com o pato, o tucupi precisa ser cozido, sozinho, por várias horas, para que a fervura prolongada elimine o que há de venenoso. O jambu, ou agrião do Pará, é uma erva com poder analgésico; quando na boca, aumenta a salivação e traz uma leve dormência na língua, o que torna a degustação do prato ainda mais interessante!
Há diversas receitas do prato na internet. Os ingredientes regionais indispensáveis para o preparo do pato no tucupi podem ser encontrados em mercados ou armazéns regionais ou em casas de produtos do Norte.
Região Nordeste – Baião de dois
Historicamente falando, a culinária nordestina foi influenciada pela portuguesa, africana e, também, pela indígena. Uma das características mais marcantes dos pratos típicos do Nordeste são os temperos fortes e apimentados. Nas regiões litorâneas, peixes e frutos do mar são as estrelas das receitas.
Mas no baião de dois, as estrelas são os ingredientes mais comuns na mesa do brasileiro: o arroz e o feijão. Típico do sertão nordestino, o prato é extremamente democrático, pois pode ser preparado com o que se tem em casa. Chefs nordestinos renomados não economizam nos ingredientes: carne de porco, toucinho, linguiça, carne seca, tomate, cebola, alho, pimentão e, claro, muitos temperos, como coentro, colorau, louro, pimentas etc. Ah! E não esqueça do queijo coalho para dar o toque final na receita.
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Centro-oeste – Mojica de pintado
Sem dúvida, a diversidade natural dos estados que compõem essa região influencia no preparo dos seus pratos típicos. Além disso, por não ser banhado pelo mar, o Centro-oeste abusa dos peixes de água doce na culinária. Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também carregam traços da cultura pantaneira. Já Goiás destaca as características do cerrado.
O pintado é um peixe de água doce e está entre os preferidos da gastronomia da região. No prato típico mojica de pintado, além do peixe, outro ingrediente indispensável é a mandioca. Cozida com vários temperos, a mandioca dá a base do prato, mas é o ponto do peixe que vai determinar o sucesso da receita. Para completar a mesa, que tal um arroz branco e bananas da terra assadas? Já deu água na boca.
Sudeste – Pão de queijo
A culinária mineira é uma unanimidade. Não há quem dispense sua comida farta, saborosa, preparada em fogão a lenha. As raízes da gastronomia local estão na fusão entre as culturas dos povos que habitaram a região, principalmente no período das minerações de ouro e diamante. E para dar sustento aos mineradores e aos tropeiros que cruzavam a região dias a fio em direção ao Rio de Janeiro, na época do ciclo do ouro, era preciso ingredientes fortes para manter a energia em alta.
O pão de queijo é o queridinho da culinária mineira. Quem resiste a ele quentinho? Com doce de leite ou manteiga, então? Não há hora para saborear a iguaria: pode ser no café da manhã, acompanhando o almoço, no lanche da tarde… O segredo para fazer um pão de queijo tradicionalmente mineiro está no queijo meia cura e no polvilho azedo. Também deve ser colocado no forno pré-aquecido, para ficar crocante por fora e elástico por dentro. Aí é só preparar o café e degustar!
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Sul – Cuca
A culinária do Sul do país foi fortemente influenciada pelos colonizadores europeus que povoaram a região no passado. Assim, os pratos foram ganhando os toques italianos, alemães, poloneses, espanhóis etc. Os índios também influenciaram no consumo do pinhão e da erva-mate, típicos da região.
Mas nada melhor para fechar as dicas de pratos típicos com um delicioso bolo. Herança dos alemães, a cuca é um pão doce, de massa extremamente fofa, coberta com uma farofa crocante. Pode ser preparado com ingredientes adicionais, como uva, banana, goiabada e doce de leite. Colocar um pouco de canela na farofa dá um toque muito especial na receita. A cuca é sucesso em cafés da tarde e um afago no estômago com sua leveza e sabor suave.
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