O dia 31 de outubro que no Brasil chamamos de Dia das Bruxas é, na verdade, conhecido no mundo todo como Halloween. A data é celebrada, principalmente, nos países de língua inglesa e tem fortes tradições nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido.
Origem
Dizem que originalmente o Halloween não tinha relação com as bruxas. Era um festival do calendário celta, povo que viveu na região da Irlanda centenas de anos antes de Cristo, que acontecia entre 30 de outubro e 2 de novembro e tinha três significados: o fim da colheita, o Ano Novo Celta e o início do inverno, a estação da escuridão e do frio, que se associava aos mortos. Por isso, acreditava-se que, na noite de 31 de outubro, os mortos vagavam pelas ruas para assombrar os vivos.
Com o passar do tempo as mudanças foram acontecendo na celebração, influenciadas principalmente pela Igreja Católica. Inclusive, o termo Halloween vem de “All Hallows Eve” que em português significa “Véspera do Dia de Todos os Santos”. Atualmente, o Halloween é uma festa onde as pessoas usam fantasias de horror e onde as crianças, também fantasiadas, andam pela vizinhança pedindo doces, usando o bordão ‘doces ou travessuras’, em inglês ‘Trick or Treat’.
Brasil
No Brasil, a data está se tornando cada vez mais popular, influenciada pela cultura norte-americana. Porém as comemorações são concentradas em festas de clubes, escolas e casas noturnas, além de ser explorada pelo comércio, na tentativa de aumentar as vendas. Mesmo assim, a cultura brasileira não tem o costume de celebrar os mortos, somente o dia 2 de novembro, dia de finados. É nesta data que as pessoas visitam os cemitérios para levar flores e velas em homenagem aos entes queridos que já se foram. Mas você sabia que alguns cemitérios brasileiros são verdadeiros museus a céu aberto e estão sendo explorados turisticamente?
Este é o caso do Cemitério da Consolação, localizado na capital paulista. Fundado em 1858, o cemitério ocupa uma área central e nobre de São Paulo, amplamente arborizado. Lá estão sepultados figuras célebres da história do Brasil, como Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, além de inúmeros políticos paulistanos. O cemitério também abriga o majestoso mausoléu da família Matarazzo, o maior da América do Sul; sua altura equivale a um prédio de 3 andares.
As visitas são guiadas e duram cerca de uma hora e meia, e devem ser agendadas com antecedência. Segundo a assessoria de imprensa do cemitério, escolas, curiosos e turistas são os públicos que mais procuram as visitas guiadas que, além de contar a história dos célebres ‘moradores’ também apresentam algumas das 300 esculturas espalhadas pelo espaço, algumas feitas por artistas renomados como Victor Brecheret e Eugênio Prati.
O cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, também oferece visitas guiadas ao público. Inaugurado em 1852 por Dom Pedro II, o cemitério é o mais procurado pelas famílias mais abastadas do Rio de Janeiro até hoje. Entre centenas de ricos e imponentes mausoléus, é possível acompanhar a evolução arquitetônica avançando pelas quadras do cemitério, desde o estilo néo-clássico até o modernista. As obras de arte também chamam a atenção e estão espalhadas por todo o espaço.
Nas visitas guiadas, que duram cerca de uma hora e meia, as explicações sobre a arquitetura e arte são feitas por um historiador, que finaliza a visita em frente ao mausoléu da Academia Brasileira de Letras, onde estão sepultados cerca de 70 imortais, entre eles o fundado da ABL Machado de Assis. Entre as celebridades sepultadas no São João Batista estão Carmen Miranda, Vinicius de Moraes, Santos Dumont, Chacrinha, Clara Nunes e Cazuza. As visitas guiadas acontecem uma vez por mês para grupos de até 100 pessoas, que devem se inscrever antecipadamente no site do cemitério.
Em outros países a visita à cemitérios já faz parte dos roteiros turísticos básicos como o Saint James, em Londres, e o Recoleta, em Buenos Aires. Se você não achou o assunto tétrico demais e se interessou em conhecer as personalidades que podem estar sepultadas no cemitério da sua cidade, informe-se sobre as visitas guiadas, pois esta prática está ficando cada vez mais comum aqui no Brasil.
(Por Renata Sklaski)