Quem nunca viajou pensando em fazer “umas comprinhas”, que atire a primeira pedra. Porque comprar algo, nem que seja um souvenir, está no roteiro de qualquer turista que se preze. Brincadeiras à parte, o comércio é um sedutor poderoso. A maioria dos viajantes separa um tempo exclusivo para as compras. Mas há aqueles que viajam com o objetivo final de comprar, os quais podem ser chamados de “turistas profissionais”, já que fazer compras é o seu negócio. Literalmente.
O turismo de negócios, dentro do qual se encaixa o comercial, é responsável por movimentar milhares de pessoas diariamente e, também, um volume financeiro significativo. É de suma importância para a economia, como um todo. Segundo dados da Associação Brasileira de Viagens Corporativas (Abracorp), em 2019, o turismo de negócios movimentou R$ 11, 39 bilhões em vendas. Obviamente, a pandemia da Covid-19 impactou esse setor, que deve fechar 2020 com queda acumulada em torno de 85% em relação ao ano anterior.
Dando enfoque especial ao turismo comercial, o fato é que muitas pessoas cruzam o país para comprar produtos e revendê-los em suas cidades. E mesmo que o intuito não seja a revenda, se colocar na ponta do lápis, mesmo como deslocamento, a viagem para compras pode ser muito vantajosa. E o Brasil apresenta, sim, muitos polos comerciais interessantes, com oferta de produtos de qualidade com preços baixos. A seguir, você vai conhecer algumas cidades conhecidas nacionalmente por oferecer produtos de segmentos específicos. E, claro, que atraem milhares de turistas, “profissionais” ou pontuais, em busca de boas compras.
Ibitinga (SP) – a capital nacional do bordado
A 370 quilômetros de São Paulo, capital, fica a simpática Ibitinga. Com cerca de 60 mil habitantes (IBGE 2020), o município é um gigante na produção de artigos de cama, mesa e banho do mercado nacional. Centenas de indústrias têxteis se concentram em Ibitinga, que recebe milhares de turistas anualmente, vindos de outras cidades paulistanas e, também, de outros estados, atraídos pelos produtos de qualidade e preço baixo. Mas o diferencial é a exclusividade. As peças se destacam pelos bordados impecáveis, trabalho que começou de forma artesanal há quase 100 anos e deu projeção nacional à cidade.
Tanto, que anualmente realiza-se em Ibitinga a FEBI – Feira do Bordado de Ibitinga, que está na 47ª edição. Realizado numa área de 14 mil metros quadrados, o evento reúne o melhor da indústria têxtil da cidade, e recebe cerca de 4 mil visitantes por dia, em busca de comprar desde artigos específicos até enxovais completos. A FEBI acontece, tradicionalmente, no mês de julho, sendo realizada próximo ao feriado de Corpus Christi, para facilitar a ida de turistas à feira. Em 2020, o evento foi cancelado, por conta da pandemia.
Brusque (SC) – confecções masculina, feminina e infantil
O estado de Santa Catarina reúne um número significativo de indústrias têxteis do Brasil, concentrando 15,4% de todos os produtores da cadeia nacional, de acordo com o Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau (Sintex). O pacato município de Brusque ganhou fama nacional por abrigar a FIP – Feira da Moda, na cidade há quase 30 anos. Na verdade, a FIP é um imenso shopping com mais de 200 lojas de confecções, que comercializam roupas de banho, de ginástica, moda plus size, lingeries, pijamas, calçados, brinquedos, decoração etc., com preços abaixo do mercado, tanto para atacado quanto varejo.
Campo Largo (PR) – capital nacional da louça
Na região metropolitana de Curitiba, fica Campo Largo, o maior polo de produção de porcelanas do Brasil. Em seu território, cerca de 30 indústrias empregam mais de 5 mil pessoas, de acordo com dados do Sindicato da Indústria de Vidros, Cristais, Espelhos, Cerâmica, Louça e Porcelana (Sindilouça) do Paraná. Entre elas, a Porcelana Schmidt, uma das principais marcas nacionais, sediada na cidade desde a década de 1950. As cerâmicas produzidas no município são responsáveis por 75% das louças de mesa vendidas no país, sendo que 20% da produção é exportada para a América Latina, Estados Unidos, Austrália e Europa.
Anualmente, acontece na cidade a Feira da Louça de Campo Largo, evento tradicional que reúne os fabricantes locais que apresentam ao público os lançamentos, além de promoções exclusivas. Além da feira, é possível comprar louças nas lojas de fábrica, localizadas na entrada do município.
Toritama (PE) – o império do jeans
Localizada no agreste pernambucano, a apenas 170 quilômetros de Recife, Toritama destoa da paisagem árida da região, graças a seus imensos outdoors que divulgam o setor econômico que move a cidade: a moda. Conhecida como a capital nacional do jeans, Toritama é o principal polo produtor do Nordeste e o segundo do Brasil, fabricando mais de 20 milhões de jeans por ano – cerca de 20% da produção nacional. Segundo a prefeitura do município, são 3 mil fábricas e 50 lavanderias industriais, números expressivos diante de uma população de 44 mil habitantes. O que mais chama a atenção é a produção quase caseira das peças, realizada por uma grande maioria de trabalhadores informais.
As peças produzidas em Toritama são vendidas no shopping Parque das Feiras, na região central, espaço de compras construído especialmente para atender quem vem de fora em busca de jeans. A Feira do Jeans, focada no atacado, acontece aos domingos, e atrai centenas de comerciantes de outros estados em busca de bons negócios.
Leia também: Compras no Paraguai – 5 dicas que você deve levar em consideração
Seja em busca de negócios ou apenas em busca de economia, as compras em viagens podem ser muito vantajosas. Basta pesquisar as melhores opções. E, claro, as passagens de ônibus você já sabe onde comprar: no Portal Rodoviariaonline.