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Cultura negra: 4 locais imperdíveis para visitar

Ela está ali o tempo todo, arraigada nos hábitos e costumes mais corriqueiros. Tanto que a maioria das pessoas nem se dá conta, mas a cultura negra está presente no dia a dia do brasileiro. Os traços deixados pela população negra, sobretudo africana, estão na culinária, na música, religião e até mesmo no vocabulário.

O acarajé, um dos pratos típicos da culinária afro brasileira. (Depositphotos)
Os africanos chegaram ao Brasil no século XVI, oriundos de diversos países, arrancados de suas vilas pelos exploradores europeus para o trabalho escravo nas colônias. Em solo brasileiro, desembarcavam em cidades como Salvador e Rio de Janeiro. Apesar da dor da diáspora e das obrigações que lhe eram impostas, o que inclui a conversão para a religião católica, os africanos trouxeram consigo uma riqueza incomensurável e, aos poucos, foram incorporando na vida naquela terra estrangeira.

Identidade brasileira tem a alma negra

A união entre a cultura negra, europeia e indígena é a combinação basal da identidade brasileira. A contrário da cultura impositiva herdada dos colonizadores, os costumes da população afrodescendente, cultivados na senzala, chegaram à “casa grande” pela porta dos fundos. Então, foram ganhando espaço na cozinha, com ingredientes e novas formas de preparo de alimentos; atravessaram os corredores e chegaram aos salões nobres, com instrumentos musicais e ritmos que embalavam as festas. As vestes coloridas e a expressão corporal marcante e alegre, demonstradas durante a dança, também foram conquistando os brancos, sendo cobiçadas principalmente pelas mulheres.

É difícil pensar hoje sobre como seria o Brasil se não fosse a contribuição africana na cultura geral. Será que o povo teria essa fama internacional de alegre, hospitaleiro e com uma das mais apreciadas gastronomias do mundo?

Muitos movimentos brasileiros hoje enaltecem a cultura negra e se mantém firmes no propósito de disseminar a história de seus ancestrais, mantendo viva as tradições e combatendo ignorância e preconceitos. E há muitos locais públicos e privados espalhados pelo Brasil, que valem a pena ser visitados quando o assunto é valorizar esse traço único da nossa cultura.

A cultura negra pelas ruas de Salvador

A capital da Bahia é conhecida como a cidade mais negra do Brasil. A cada 10 soteropolitanos, 8 são negros. Fundada em 1549, São Salvador foi a capital do país por 214 anos. Sua economia se desenvolveu a partir da atividade portuária e também graças aos engenhos de açúcar da região, que tinham nos escravizados a sua força de trabalho.

Toda a riqueza histórica e cultural de Salvador tem sua base na população negra. Na culinária, por exemplo, o vatapá, o acarajé, a moqueca, o caruru, entre tantos outros pratos, não existiam antes da chegada dos africanos. Foram as cozinheiras negras que incorporaram inúmeros ingredientes nas receitas, como o leite de coco, o gengibre, a pimenta malagueta, os feijões, as ervas aromáticas e até o amendoim.

Os blocos afro são símbolos de Salvador, e sinônimo de resistência e luta contra o preconceito racial. (Depositphotos)
Os blocos afro, como Ilê Aiê, Olodum, Muzenza e Afoxé Filhos de Gandhy, que foram criados como instrumentos de combate ao preconceito, hoje são símbolos da cidade. As apresentações e ensaios atraem milhares de turistas interessados em ouvir as músicas marcadas pelos atabaques, rebolos, cuícas, pandeiros, bongos etc. do grupo. Inclusive, a maioria desses instrumentos musicais foram criados pelos africanos escravizados.

União dos Palmares – símbolo da resistência negra

A 80 quilômetros de Maceió, em Alagoas, mais precisamente na Serra da Barriga, está situado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. O local remonta o cenário da maior resistência negra da história dos escravizados das Américas. Comandado por Zumbi dos Palmares, o quilombo foi o maior acampamento de refugiados do século XVI. A data da morte de Zumbi, em 20 de novembro de 1695, motivou a criação do Dia Nacional da Consciência Negra.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o local abriga, até hoje, comunidades quilombolas. Além das edificações reconstituídas numa espécie de maquete em tamanho real, o Memorial também se destaca por mirantes com vistas incríveis da Serra da Barriga, além de restaurante que oferece pratos da culinária afro-brasileira. No site do parque, é possível também fazer um passeio virtual pelo local.

Memória negra em São Paulo

Dentro do famoso Parque Ibirapuera, fica o Museu Afro Brasil, considerado o que melhor conta sobre a diáspora negra. Com um acervo de mais de 6 mil itens, entre pinturas, esculturas, fotografias, documentos e peças etnológicas de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII até os dias atuais. Além da exposição permanente, o museu recebe mostras itinerantes, abriga uma biblioteca com mais de 12 mil títulos especializados em assuntos ligados a negritude, além de um auditório para eventos e cursos. O valor do ingresso inteiro para visitar o museu é R$ 15,00 e pode ser adquirido pela internet.

Fachada do Museu Afro Brasil, em São Paulo, um dos mais importantes da diáspora negra do mundo. (Depositphotos)

Casa dos Contos, em Ouro Preto

Localizado na cidade mineira de Ouro Preto, o Museu Casa dos Contos foi organizado com o objetivo principal de preservar a memória do Ciclo do Ouro, no qual a cidade teve influente papel. O casarão em estilo barroco foi construído entre 1782 e 1787 por um banqueiro da época e foi usada como sede da administração pública contábil. O espaço abriga exposições temporárias de artistas brasileiros e estrangeiros, e o acervo permanente conta a história do dinheiro produzido pelos garimpos e dos senhores que enriqueciam às custas do trabalho de negros escravizados.

Iniciativa pública

Em 1988, foi criada a Fundação Cultural Palmares, instituição federal que tem como objetivo promover e preservar culturais, históricos, sociais e econômicos da população negra na estruturação da sociedade brasileira. O site da FCP concentra agenda de eventos, informações históricas e iniciativas da temática negra, sendo uma rica fonte de informação sobre o assunto.

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